A II Feira da Resex de Tauá-Mirim, que põe à disposição da comunidade universitária da UFMA, mais especificamente os frequentadores do Campus Bacanga, bem como da sociedade em geral produtos da agricultura familiar cultivados na zona rural da capital maranhense e artesanato produzido pelas comunidades tradicionais da região, já tem nova data para acontecer: será dia 11 de março. Em razão do período chuvoso, o local será definido nas reuniões que acontecem entre os representantes das comunidades da Resex e os apoiadores da iniciativa, como a Apruma.
A primeira reunião de articulação da II Feira da Resex aconteceu em janeiro. A próxima acontece agora em fevereiro e mais outra deve acontecer em março, mês dessa próxima edição da Feira que, além de disponibilizar produtos sem agrotóxicos cultivados na Ilha, serve para mostrar para a população da área urbana que a zona rural resiste e contribui de forma efetiva para a segurança alimentar na Ilha, isso num momento em que a ameaça de revisão do Plano Diretor de São Luís, de acordo com a proposta que foi apresentada pela prefeitura da capital maranhense, pode reduzir a área em mais de 40%, comprometendo a sobrevivência das famílias da região para atender a expansão industrial sobre o ambiente insular.
Reserva é resposta à ameaça
A região da Resex (reserva extrativista) Tauá-Mirim é formada por mais de uma dezena de comunidades tradicionais em que a presença do poder público praticamente se limita a sufocar seus moradores com grandes empreendimentos poluentes, sonegar serviços de direito dos habitantes e deixá-los na invisibilidade. Esse tipo de intervenção, na verdade baseado na omissão, compromete a segurança alimentar de toda a cidade: se o que é produzido na região seguir ameaçado com a cada vez mais crescente expropriação territorial das comunidades e implantação de projetos que, ao contrário do discurso, não geram empregos em profusão e degradam a região, a capital inteira vai ser afetada com o aumento galopante da poluição e o desaparecimento ou contaminação de alimentos produzidos no local, como pescados, hortaliças e animais de pequeno porte.
É nesse contexto de chamar atenção para esse frágil equilíbrio e para essa disputa que a Feira da Resex ganha ainda mais relevância. as reservas extrativistas (resex) são um modelo de unidade de conservação surgido da luta ambiental de Chico Mendes e seus companheiros seringueiros no Estado do Acre, visto pelas comunidades ludovicenses como uma estratégia de manutenção de seus territórios centenários ante o avanço predatório sobre a região pelos ditos projetos de desenvolvimento que atropelam seus modos devida.
O conluio entre o empresariado local, grandes corporações e o poder público em todas as suas esferas (federal, estadual e municipal) tem negado, até o momento, o reconhecimento “oficial” da Resex de Tauá-Mirim, reivindicada pelos seus moradores desde 2003, e cujos estudos que concluíram pela sua viabilidade encerraram-se em 2007.
Por várias vezes o governo federal chegou a anunciar a criação da Resex, mas pressão do empresariado impediu a oficialização. Em 2015, num ato de insurgência, bravura e resistência, Assembleia dos Moradores realizada na comunidade Taim declarou criada a Resex e instituiu seu Conselho Gestor, mesmo com a indiferença das autoridades.
Agora, seus moradores contam com apoio de importantes setores da sociedade nessa luta, como boa parte dos professores da UFMA, que desenvolvem pesquisas na região e, através de seu sindicato, se solidarizam com esta história. Na imagem acima, logomarca da Feira da Resex de Tauá-Mirim, criada pela artista Regina Borba, apoiadora da causa. Nas imagens, a primeira reunião de articulação da segunda edição da feira, com participação de lideranças comunitárias, pesquisadores e movimentos sociais que apoiam essa luta.