Na última quinta-feira, a Apruma realizou mais uma transmissão ao vivo, dessa vez discutindo os impactos do isolamento social para aposentados e aposentadas. Foram convidados para este debate a professora Carla Vaz, do Departamento de Psicologia da UFMA, e o professor Antônio Rafael da Silva, do Departamento de Patologia. A mediação ficou a cargo da professora Denise Bessa Leda, também da Psicologia, e, mais uma vez, contamos com tradução simultânea em Língua Brasileira de Sinais.
A conversa fluiu procurando dar leveza necessária ao momento e à discussão, de forma a indicar para a situação atual, com base nas pesquisas e vivências, certo grau de tranquilidade que, mesmo difícil de alcançar, é requerida nestas circunstâncias.
Fenômeno complexo
A professora Carla pontuou, com base em suas pesquisas, que o ato de aposentar é caracterizado como sendo um momento marcado por rupturas, de reestruturação e replanejamento da vida, constituindo um fenômeno complexo, e um dos mais relevantes momentos de transição. Ela questionou a nomenclatura utilizada por departamentos administrativos e de recursos humanos, tanto de empresas quanto de órgãos públicos, que “classificam” o trabalhador aposentado como “inativo”, que pode ser visto como uma expressão negativa e pejorativa da nova condição.
Na verdade, mais que uma formalidade, a aposentadoria demarca a saída de um ritmo intenso de trabalho, segundo ela, e que pode ser encarado, à primeira vista, como um “não lugar”, e que não precisa ser um momento de exclusão. A professora também realça que há diferentes realidades nesse percurso; que há “aposentados” e “aposentados”, de acordo com a realidade social, econômica, psíquica de cada um, bem como de seu entorno, de sua família.
E o que a pandemia altera nesse processo?, questionou.
Ela lembrou que o isolamento social, longe de ser uma opção, é compulsório para todos, e que, neste momento, afeta de modo particular os aposentados, que são interpelados diuturnamente por memes e mensagens que representam uma violência psicológica contra o idoso, um desrespeito aos mais velhos e uma desvalorização deste segmento.
Assim, o momento pode resultar numa ampliação do preconceito etário, com características como a infantilização e a desautorização do idoso, que podem, por seu turno, resultar em ansiedade, estresse, depressão, sofrimento psíquico, adoecimento. “Isolamento não pode ser solidão”, alertou.
O que, então, é possível fazer?
Carla Vaz aponta que é preciso manter a proximidade, ainda que virtual, que deve estar aliada ao cuidado, à atenção, ao acolhimento, ao respeito e à não diminuição da autonomia do idoso. “Mesmo com as incertezas do momento, é preciso manter as esperanças”, frisou.
“Aposentadoria é o beneplácito do dever cumprido”
A frase, citada pelo professor Antônio Rafael, é de autoria de um dos aposentados mais ativos da história do movimento docente na UFMA: o professor Raimundo Renato Patrício, ex-diretor da Apruma, falecido em maio de 2017, que escancarava com exatidão o prazer que tinha nessa etapa de sua vida, cheia de movimento e nada inativa, como bem lembrou seu amigo durante o debate.
Como consequência da assertiva, o professor Antônio Rafael citou que aposentadoria não é sinônimo do declínio das capacidades físicas e psíquicas, e que não pode ser encarada assim por quem adentra nesta etapa da vida ou por quem o rodeia. Ademais, o atual contexto, segundo se depreende de suas palavras, expôs que não são apenas os idosos que compõem a categoria dos vulneráveis, o que passou a ser objeto de reflexão por toda a sociedade, que passou a se defrontar, de uma hora para outra, com mais clareza, com suas finitudes e limitações.
Com essas observações, ele abriu espaço para uma troca de experiências, on line, entre os dois expositores e a audiência, mediada pela professora Denise, que flui numa conversa sobre a entrada na chamada terceira idade, como classificam alguns, e as incertezas que passaram a fazer parte do cotidiano a partir da pandemia. O resultado do bate-papo pode ser visto, na íntegra, no vídeo a seguir.
Próxima transmissão
O próximo #AprumaDebate acontece ao vivo nesta quinta-feira, 28 de maio, a partir das 16h, no Facebook da Apruma e no canal da Seção Sindical no YouTube.
Dessa vez, o tema será COLUN/UFMA: interfaces entre educação básica, graduação e pós-graduação e os desafios da pandemia.
Participarão Cláudia Simone C. Lopes – Graduada em Pedagogia, mestra em Cultura e Sociedade/UFMA, professora e membro da Divisão Técnico- Pedagógica do COLUN/UFMA – e Janilson José A. Viégas, Doutor em Filosofia/USP, professor de Filosofia e diretor do COLUN/UFMA, sob a mediação de Bartolomeu Mendonça, presidente da Apruma e também professor do Colégio Universitário da UFMA.
https://www.facebook.com/apruma.secaosindical/videos/240026383726301/