Somos construtores de uma realidade que ainda não existe, fazemos parte de uma aventura pedagógica. Continuar nessa caminhada com a consciência da nossa pequenez é a grandeza desse sonho. (Che Guevara)
No dia 15 de outubro é comemorado o dia do Professor no Brasil, data estabelecida em 1947, em alusão ao dia em que foi promulgado o Decreto Imperial que criou o Ensino Elementar no Brasil, no ano de 1827. Desde então o dia 15 de outubro tem sido um dia de comemoração desta profissão que está na base de um direito fundamental para garantia de outros direitos: a educação.
Sempre que esta data se aproxima, dada a situação histórica de desvalorização dos professores em nosso país, nos questionamos se há motivos para comemorar, diante de condições tão desfavoráveis: baixos salários, carreiras longas, burocratizadas e com poucos incentivos para progressão, jornada de trabalho exaustiva, excessivo controle da prática docente e adoecimento. Nos últimos dois anos, somaram-se a tais condições, um conjunto de ataques aos professores, especialmente, àqueles comprometidos com a formação crítica de seus alunos. Tais ataques envolvem desde o descrédito de seus conhecimentos, passando pela tentativa de cerceamento da liberdade de cátedra e assédio moral, até a retirada de direitos trabalhistas. Políticas do atual governo federal de extrema direita, tais como cortes de recursos da educação pública, reforma da previdência, intervenção nas universidades, as constantes tentativas de aniquilar a autonomia universitária e os processos democráticos na escolha de seus dirigentes e a atual proposta de reforma administrativa têm repercutido negativamente no trabalho e na carreira docente.
Neste ano, a pandemia da Covid-19 colocou novos desafios aos professores com o ensino remoto, em condições adversas, que precarizam ainda mais o trabalho docente e aprendizagem dos alunos e submetem a escola e os docentes, cada vez mais, à lógica do mercado. O contexto atual coloca os/as docentes em uma contraditória situação: ao fazer o esforço do exercício da profissão de modo a garantir o mínimo de condições para a realização do processo ensino-aprendizagem, os professores também vão construindo possibilidades de novas formas de ensino em que sua presença é diminuída, colocando em cheque o futura da profissão.
Apesar de todas as condições desfavoráveis e do difícil momento que estamos atravessando, professoras e professores de todo o país resistem, lutam por seus ideais de uma educação libertadora, crítica e emancipatória da condição humana. Professoras e professores brasileiros mostraram sua força na grande mobilização contra os cortes de recursos nas universidades federais em maio de 2019, na grande campanha este ano em torno da aprovação do novo Fundeb, têm mostrado sua capacidade de lutar no enfrentamento das diversas tentativas de um governo de extrema direita de intervir na escolha dos dirigentes das universidade federais. É por essa resistência e por essa capacidade de luta que o dia da Professora e do Professor deve ser comemorado.
A atual diretoria da Apruma – gestão Amanhã vai ser outro dia – entende que o dia do professor deve ser comemorado por todos nós, como símbolo de nossa resistência, de nossa luta em defesa de uma profissão que merece ser reconhecida em políticas concretas de valorização docente coerentes com a sua importância social. Acreditamos que a educação pública, laica, democrática e de qualidade social que almejamos só pode ser conquistada a partir da ação político-pedagógica de professoras e professores valorizados, com formação adequada, com condições objetivas e subjetivas para o exercício da profissão, com carreira e salários dignos.
Parabenizamos as Professoras e os Professores que contribuem com a construção do conhecimento e semeiam esperanças de uma sociedade cada vez mais justa e igualitária.
Num país como o Brasil, manter a esperança viva é em si um ato revolucionário.
Paulo Freire, Patrono da educação brasileira
Apruma – Seção Sindical do Andes – Sindicato Nacional