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Administração Superior quer EaD em até quase metade da carga horária total dos cursos de graduação presenciais da UFMA

Em Assembleia híbrida realizada pela Apruma nesta quinta-feira, comunidade universitária analisou os riscos que a nova Resolução de Ensino a Distância (EaD), que pode ser analisada a qualquer momento pelo Conselho Universitário (Consun), representa para o caráter do ensino presencial na Universidade: foi apontada a necessidade de todas as unidades e subunidades aprofundarem a discussão e participarem das atividades de defesa da UFMA Presencial

As discussões sobre a nova proposta para o EaD movimentaram docentes e discentes que participaram nesta quinta, 23, da Assembleia Geral da Apruma. No destaque, a resistência que deve ser empreendida na defesa da Universidade Pública, Gratuita, de Qualidade e Presencial.

Para os participantes, essa resolução representa uma ameaça ao caráter presencial do ensino na Universidade. As discussões foram aprofundadas após as considerações feitas pelo Grupo de Trabalho de Política Educacional (GTPE) da Apruma, apresentadas pela professora Cacilda Cavalcanti, sobre o conteúdo da Resolução, que inicialmente fora encaminhada apenas para quem está em cargos de direção e não para todos os membros da comunidade, em mais uma limitação ao debate sobre os rumos que a Administração Superior tenta impor para a UFMA.

Um compilado das análises feitas durante a Assembleia pode ser visto, destacando alguns pontos constantes da proposta, na publicação feita pela APRUMA no Instagram (abaixo). Logo a seguir, neste texto, algumas das preocupações apresentadas por membros da comunidade universitária sobre o assunto, expressadas na ocasião:

https://www.instagram.com/p/CfMU_TJODcd/

Entre os riscos apontados, docentes contaram que, quem já passou pela experiência do EaD vivenciou uma grande evasão de estudantes pelos mais diversos motivos. “Isso pode nos transformar em mera instituição de terceiro grau, não uma universidade em seu sentido mais completo, mas sim uma mera fábrica de diplomas, com estudantes que apenas visitam as instalações mas não vivem o ambiente da Universidade, o que contribui ainda para desmobilizar docentes e discentes, além de enfraquecer pesquisa e extensão. É uma visão de Educação meramente instrumental, mediada pela tecnologia, que no nosso Estado e com as condições sociais que vimos são ainda mais limitadas, e isso pode contribuir para aprofundar a desigualdade. Por outro lado, abre a UFMA para uma visão de mercado, privatista e não pública da Universidade“.

“Nossa responsabilidade, nesse momento, é falar com cada colega, professor e professora, e com cada estudante, sobre o que significa isso, e questionar qual a pressa em aprovar essa resolução, e a quem interessa essa mudança no ensino da Universidade. Dialogar com coordenações, centros, departamentos, membros do Consun sobre isso e como essa medida se coloca, mais uma vez, no âmbito dos ataques ao ensino público, como mexe nas nossas vidas, no nosso futuro e no nosso presente. É um ataque grave da Administração à própria instituição”, desabafou uma estudante da UFMA durante a Assembleia da APRUMA.

Docente do curso de Educação do Campo, na UFMA Bacabal, informou que, após finalmente terem acesso ao documento (anexo da proposta de resolução segue abaixo), o assunto foi pautado no Colegiado do Curso, onde foi rejeitado por unanimidade. “Avaliamos que é incompatível com a Educação do Campo”, explicou a docente, complementando que, enquanto  a Administração Superior concentra esforços em aprovar resoluções que enfraquecem a Universidade, prossegue a falta de condições que deveriam ser asseguradas para o retorno presencial minimamente tranquilo. Tanto que na próxima terça-feira, mesmo dia da Assembleia Unificada em Defesa do Direito ao Ensino Presencial na UFMA, que acontece no Bacanga, a comunidade universitária em Bacabal fará uma mobilização reivindicando condições de retorno presencial. O alojamento estudantil, por exemplo, problema que já é crônico naquele campus, segue sem condições de habitabilidade.




“O que vemos é o perfil do professor Natalino, de querer se antecipar a todo projeto de destruição da Educação Pública, de se adequar a todo o receituário desse desgoverno. Por que não responde, por exemplo, quanto deixou de gastar na conservação da estrutura durante esses dois primeiros anos da pandemia? Por que não faz o que é urgente em vez de defender essa resolução? Por que não pauta a curricularização da extensão, a atualização dos projetos pedagógicos dos cursos, algo que interessa de fato à Universidade”, questionou outra docente.

“Vimos recentemente, lá em Bacabal, a Administração Superior perguntar o que queríamos que se resolvesse, se a estrutura elétrica, ou o problema dos alojamentos, da Casa dos Estudantes. É a isso que estamos submetidos, escolher o que queremos que siga sem condições, enquanto tentam passar mais um ataque à Universidade, além de não resolverem os problemas”, indignou-se um estudante.

Além de Bacabal, Serviço Social São Luís também já disse não à alteração da forma de ensino

Professoras do Serviço Social presentes à Assembleia deram informes sobre as discussões da resolução no Curso. “Realizamos uma assembleia extraordinária na última segunda-feira, e nossa posição é contrária a essa minuta, em razão de defendermos a Unidade Pública, presencial e de qualidade, o que não se coaduna com o ensino a distância”, expuseram. Nesse sentido, para reforçar a posição de defesa da UFMA essencialmente pública e presencial, o Curso de Serviço Social fará uma Assembleia Ampliada na segunda-feira, 27, com professores, estudantes, representação da Apruma e do DCE. As professoras também informaram que já se comprometeram a levar esse debate para as salas de aula. “É um tema que impacta muito a nós, professoras, mas principalmente aos estudantes”, avaliam.

Teletrabalho

Os participantes da Assembleia também verificaram a relação do avanço do EaD com a recente regulamentação do teletrabalho na UFMA, reforçando o que fora apresentado pela professora Cacilda Cavalcanti durante a última Aula Pública realizada pela APRUMA na Área de Vivência do Bacanga: de que o avanço do teletrabalho serve para mascarar a defasagem do quadro de servidores técnicos. “Dizem que o servidor não está no Campus, que está em teletrabalho, quando na verdade não há servidor, essa é a verdade“, disse Cacilda à época.

Os docentes apontaram os conflitos e tensões que esse avanço tem reforçado entre estas duas categorias de trabalhadores: “Nosso atendimento é presencial o tempo inteiro. Somos demandados aqui nos campi, e tem surgido essa pressão para opinar se os técnicos devem ir para o teletrabalho total, parcial, ou se devem ficar no presencial, e isso tem gerado tensões entre nós num momento que precisamos estar juntos para defender a Universidade, que está em risco”, pontuaram, com apelo para que todos os segmentos fortaleçam essa luta no momento.

Encaminhamentos

Entre as deliberações da Assembleia referentes a esse tópico, restou aprovado:

  • Rejeitar e repudiar a tentativa de mudança do caráter presencial do ensino, rejeitando a minuta, já que ela implica em transformar essa característica fundamental do ensino na UFMA;
  • Seguir com o calendário na Defesa do Direito ao Ensino Presencial na UFMA, com as atividades que já estão agendadas:

– Sábado, 25/6, 15h no Solar Cultural: Reunião Ampliada chamada pelo DCE sobre a resolução;

– Segunda, 27/6: Assembleia Ampliada do Curso de Serviço Social, com representações dos movimentos docente e discente;

– Terça-feira, 28, em Bacabal: mobilização reivindicando condições de retorno presencial e estrutura para o alojamento estudantil;

– Terça-feira, 28/6, às 16h na Área de Vivência no Bacanga: Assembleia Geral Unificada pelo Direito ao Ensino Presencial na UFMA.

  • Reuniões com coordenações, departamentos e centros, além de dialogar com a base sobre o assunto, e todos os presentes se envolverem nesse processo;
  • Campanha de Comunicação e Mídia alertando para o que está em risco com a resolução de EaD.

A APRUMA já está concentrando todos os esforços neste tema: a Reunião do Conselho de Representantes, marcada inicialmente para a terça-feira (28), foi adiada ante a urgência do momento, e todos e todas devem comparecer à Assembleia Unificada, além de conversar com colegas e alunos para também participarem. Como destacou uma participante durante a Assembleia, a tarefa agora é ocupar a UFMA com atividades para assim defender a própria existência da Universidade. “Nosso desafio é trazer (a comunidade universitária) e dar vida. Ainda mais enfrentando essa reitoria que quer institucionalizar de fato o EaD“.


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