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NOTA DA DIRETORIA DA APRUMA EM REPÚDIO AO ATAQUE DO DEPUTADO EDUARDO BOLSONARO CONTRA OS PROFESSORES E PROFESSORAS DO BRASIL

No último domingo, dia 09 de julho de 2023, em um evento Pró-armas em Brasília-DF, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, em seu discurso, se referiu aos professores e professoras como doutrinadores/as, comparando-os/as como piores que traficantes de drogas.

Tal fato tem sido regra, uma vez que se insere na tática bolsonarista, importada da extrema-direita internacional, de se apropriar dos espaços democráticos para difundir ideais que atentam contra a democracia, como a liberdade de cátedra, garantida aos/às professores/as pela Constituição Federal de 1988. Seus discursos de ódio, sustentados por narrativas de pós-verdade, profere ataques a todas as instituições que representam os valores civilizatórios e democráticos erigidos na Modernidade como a razão, a ciência, a cultura e a verdade como representação objetiva da realidade. As escolas e os/as professores/as se constituem em alvos preferenciais do obscurantismo beligerante do núcleo bolsonarista, pois representam, em seu ofício, um obstáculo significativo à propagação do senso comum que alimenta a difusão de fake News, revisionismos, teorias conspiracionistas, combustíveis para manter essa ideologia viva e atuante.

Diferente da liberdade de expressão e do livre debate, onde prevalece o melhor argumento, a guerra cultural não se exprime por meios racionais, pois se vale da pós-verdade, da mentira reiterada, do jogo de narrativas – a desqualificação do opositor, assemelhando-se a estratégia do fascismo clássico, onde repetir uma mentira faz com que ela se torne verdade. “A desconstrução da imagem dos professores é parte da tática da guerra cultural em curso” (COLEMARX, 2023, p.28)[1]. Tudo isso está no cerne de projetos como “escola sem partido”, liberação do “homescholing” e do programa de militarização das escolas públicas, com o objetivo claro de controlar o acesso ao conhecimento e à cultura.

O desgoverno Jair Bolsonaro evidenciou o empenho da extrema direita, apoiada em grupos militares, conservadores e religiosos, em difundir a ideologia bolsonarista no aparelho de estado e na sociedade civil, com o argumento de combater a doutrinação ideológica de esquerda nas escolas e o marxismo cultural nas universidades, resultando em uma gestão desastrosa no MEC, que se constituiu como um “bunker” da guerra cultural (COLEMARX, 2023),  incompetente na gestão dos problemas reais da educação, como no momento da pandemia,  e eivada de denúncias de corrupção, cujo efeito prático foi a degradação da qualidade da educação no país e restrição do acesso a juventude trabalhadora ao conhecimento, que é o objetivo maior dos ataques às escolas, universidades e professores/as.

A Diretoria da APRUMA reafirma seu compromisso com a defesa dos professores e professoras do Brasil, diretamente atacados em sua honra por essa fala irresponsável, que, no momento de exacerbação da violência e de ataques nas escolas, representa uma ameaça à segurança e à vida dos professores e às condições do exercício de seu ofício.

Exigimos das autoridades no legislativo e no judiciário, medidas para coibir esse tipo de ataque aos professores e professoras do Brasil. Exigimos respeito e reconhecimento ao nosso trabalho!

Para Eduardo Bolsonaro, cassação já! Não nos calarão!

[1] LEHER, R. (org.) Educação no governo Bolsonaro: inventário da devastação, São Paulo: Expressão popular, 2023.

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