Na última década, desde as manifestações de 2013, o Brasil passou por profundas transformações em seu cenário sócio-político, jurídico e econômico, uma inflexão histórica que permitiu a instauração de uma intensa polarização política já em 2014 e a ascensão da operação lava-jato, que culminou com o impedimento da presidenta Dilma Roussef e pavimentou o caminho para a chegada ao poder de um grupo com fortes traços protofascistas em 2018, quando Jair Bolsonaro é eleito pelo voto popular.
Desde então, a polarização política no país se aprofundou. A extrema direita governou, entre outras questões, com base em uma guerra cultural ancorada na disseminação do ódio e da desinformação direcionadas a todas(os) aquelas(es) filiados ao pensamento progressista, um método eficaz na era informacional dos autômatos e do enxame digital.
Mesmo com a derrota nas ruas e nas urnas do governo de extrema direita em 2022, com ampla participação do ANDES-SN, da APRUMA e das demais seções sindicais, a chama fascista da sociedade continua acesa e a conjuntura nos aponta que ela precisa ser combatida, já que no congresso nacional há fortes ramificações da direita extremista, representadas por parlamentares que manifestam publicamente seu mais profundo desprezo aos indígenas, quilombolas, aos grupos LGBTQIA+, aos funcionários públicos, professores, intelectuais, cientistas e a políticos de partidos de esquerda e, amiúde, se utilizam da máquina midiática das redes sociais para inventar estórias e proferir mentiras.
Foi neste atual contexto, do conflito entre Israel e Palestina, que um deputado de extrema direita, do Partido Liberal, de Goiás, protocolou um ofício na Embaixada estadunidense em Brasília, com uma lista de nomes de parlamentares, partidos, sindicatos, professoras(es) e intelectuais do campo progressista, acusando-os de apoiar o grupo HAMAS, dentre eles, o professor do Departamento de Economia da UFMA, Saulo Pinto, sindicalizado da APRUMA e do ANDES-SN. O ofício recomenda o cancelamento de visto aos EUA dos listados no documento.
A APRUMA repudia qualquer tentativa de cercear a livre expressão, essencial para a democracia, ao passo que se solidariza com todas(os) da lista, especialmente com o professor Saulo Pinto, que não coaduna com ataques terroristas ou quaisquer tipos de violência, mas que, assim como a APRUMA e o ANDES, apoia, incondicionalmente, a causa do povo palestino e sua luta por direitos sociais, autodeterminação e contra o terrorismo das potências imperialistas.
São Luís, 23 de outubro de 2023
Diretoria da APRUMA – Seção Sindical
Gestão 2022-2024