Os eleitores de São Luís foram às urnas no domingo (06) e disseram SIM ao passe livre estudantil. Ao final da apuração, 89,91% dos votantes foram favoráveis à proposta, que será discutida na câmara de vereadores a partir da próxima legislatura.
A possível implementação do passe livre na capital levanta discussões sobre os problemas ligados à mobilidade urbana estudantil, dado que muitos estudantes tendem a não permanecer nos espaços educacionais pela falta de recursos financeiros para arcar com as passagens. Segundo o Mapa das Desigualdades desenvolvido pelo IBGE, a renda média de uma família maranhense é de R$980,00 reais, valor que, ao ser reduzido de outras necessidades básicas, como alimentação, não garante o direito ao transporte público.
Para Beatriz Diniz, 22, estudante de jornalismo da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), “além do desgaste físico em ter que enfrentar ônibus lotados e sucateados, tenho que lidar com o alto valor da passagem que não corresponde ao serviço que nos é oferecido. O valor que gasto com passagens poderia ser usado em diversas outras atividades que hoje em dia eu me privo, como a possibilidade de ter mais lazer, acesso à cultura e até mesmo consultas médicas mais frequentes”, afirmou.
De acordo com um estudo realizado pela Fundação Rosa Luxemburgo no primeiro semestre de 2023, a implementação do passe livre estudantil já é uma realidade em 70 municípios brasileiros. Destes, mais da metade (48) têm menos de 50 mil habitantes. A coordenadora da Frente pelo SIM em São Luís, Rejane Galeno, concorda que a vitória do SIM no plebiscito deve ser entendida como um passo muito importante na conquista de um direito fundamental para a maioria das famílias que vivem em São Luís. “Mais do que apenas aprovar, o resultado foi muito expressivo, com quase 90% dos votos a favor. Agora, é hora de nos mobilizarmos para garantir a implementação dessa política pública, fazendo com que o prefeito e a câmara municipal atendam ao interesse estudantil”, disse.
Rejane também ressaltou a importância do apoio de outras instituições na luta por direitos como o passe livre. “Vale lembrar que o apoio de sindicatos ligados à educação, como a Apruma e Sindeducação, tem sido decisivo ao longo desse processo”, completou.
A iniciativa não encerra a luta pelo direito à passagem gratuita, mas coloca tal cobrança em outro patamar de discussões pela mobilidade urbana da Grande Ilha, que até então, não vivenciou mudanças que resguardem o direito constitucional de ir e vir dos ludovicenses.