“Expansão capitalista e injustiças climáticas”. Este foi o tema da primeira edição do GTPAUA Debate, evento organizado pelo Grupo de Trabalho Política Agrária, Urbana e Ambiental da Apruma – Seção Sindical do ANDES – Sindicato Nacional, que aconteceu na última segunda (17/02), no auditório do Solar da Terra, centro de São Luís.
A mesa foi composta pelo professor Horácio Antunes, do Grupos de Estudos Desenvolvimento, Modernidade e Meio Ambiente (GEDMMA); Ivanessa Ramos, da Rede de Agroecologia do Maranhão (RAMA); e Rosa Tremembé, liderança indígena.
Em sua fala, o docente da UFMA destacou aspectos importantes das alterações climáticas, do ponto de vista ambiental. “A queima de carvão, petróleo e gás provocam mudanças climáticas bastante significativas a partir da intervenção humana. O clima está mudando de um jeito diferente. Por exemplo: a gente não sentia tanto calor como a gente sente hoje. As chuvas, a gente nunca mais pode saber exatamente quando a chuva vai chegar ou quando ela vai parar. Essas mudanças que todos nós sentimos no nosso cotidiano, elas têm uma razão de ser muito forte, que é o que chamamos de intervenção humana”, apontou o professor. Ele ainda afirmou que o Maranhão foi ocupado pela lógica europeia, portanto, em uma perspectiva capitalista. E, durante a ditadura empresarial-militar, as políticas de integração da Amazônia possibilitaram o aumento significativo de conflitos em diversas regiões do estado.
Já Ivanessa Ramos, da RAMA, relatou o drama das comunidades afetadas pela pulverização aérea: “Os povos estão perdendo suas plantações e é algo que nos deixa muito abismado e triste, porque é uma forma de expulsão, porque afeta o solo e a vida dos povos e comunidades tradicionais”. Além disso, Ivanessa apontou a agroecologia como uma saída possível para salvar o planeta. “O processo de cooperação é que faz com que essas vidas tirem o próprio sustento da terra e o equilíbrio”, defendeu.
Por fim, a liderança indígena Rosa Tremembé acrescentou ao debate a ameaça da insegurança alimentar. “Em nome desse capitalismo, a gente está morrendo com o veneno, com os nossos territórios ameaçados, a segurança alimentar ameaçada. Na Raposa, por exemplo, esse clima quente e a acidez tem provocado mortandade de peixes. Por que? Por conta das mudanças climáticas”, apontou.
A mesa foi mediada pelo professor Roberto Ramos, do campus de Pinheiro, que ressaltou o debate como uma forma de amplificar a luta dos povos, comunidades, movimentos sociais, juntamente ao movimento sindical, “por entender que essa luta é de todos nós”.
De acordo com o professor Thiago Lima, coordenador do GTPAUA da Apruma, a retomada das atividades do grupo em 2025 tem também o objetivo de se aproximar ainda mais dos movimentos sociais e da sociedade em geral. “Queremos fazer uma discussão urgente sobre o debate socioambiental, em especial no que toca às mudanças climáticas e à produção das injustiças socioambientais. Além disso, pretendemos fazer uma analise da conjuntura nacional, internacional e as particularidades do Maranhão”, disse.
O GTPAUA Debate foi transmitido pelo canal YouTube da Apruma e pode ser acessado a qualquer tempo:
Assista aqui: