A Apruma traz a São Luís, para debater o Programa Future-se junto à categoria docente, a professora Marina Barbosa Pinto, da Universidade Federal de Juiz de Fora.
Marina tem larga experiência em pesquisa sobre trabalho, além de ser conhecedora da organização do movimento docente, notadamente nas universidades, já tendo sido presidente do Andes, Sindicato Nacional da categoria (hoje presidido por Antonio Gonçalves, professor da UFMA).
O debate Os impactos do Future-se na carreira e no trabalho docente acontece na terça-feira, 27 de agosto, às 17h, no Auditório Central da UFMA (prédio da Reitoria), no Campus do Bacanga, em São Luís
O objetivo do evento é trazer elementos para que a comunidade universitária tome conhecimento mais a fundo sobre o Future-se, programa do ministério da Educação para universidades e institutos federais que implica numa mudança de concepção destas instituições, com impactos sobre o modelo público de Educação, sobre a gestão destas entidades, sobre a autonomia universitária prevista na Constituição Federal, entre outras consequências.
Para se ter uma ideia, o programa institui o financiamento privado na Educação Pública, que segundo a Constituição, é direito de todos e dever do Estado. Nesse caso, seria criado, com recursos destinados à Educação, um fundo negociado em bolsas de valores, impondo ao setor os riscos do mercado financeiro. Na gestão, pretende impor às administrações a ingerência de organizações sociais que são entidades de direito privado cumprindo uma função essencialmente estatal.
Debate focará no trabalho dos docentes
Na atividade desta terça-feira, a professora Marina explicará as consequências do programa para a carreira docente. Entre os riscos que o programa pode introduzir, estão: contratação sem concurso público, aprofundamento de desigualdades na carreira, submissão das pesquisas ao interesse de empresas que se disponham a pagar por elas, comprometendo o caráter público do trabalho, e o comprometimento do vínculo entre ensino, pesquisa e extensão, atividades essenciais das universidades públicas.
Apruma seguirá na discussão do programa com a comunidade universitária e a sociedade
O Future-se vem sendo apresentado em propagandas pagas pelo governo como a solução para a crise na Educação Pública. O programa também vem sendo mostrado como aberto à participação, embora haja uma pressão por adesão a partir do momento em que não se garantem, como previsto na constituição e na legislação sobre educação pública, os recursos para quem optar por ficar de fora, dadas as condicionantes que interferem na autonomia das instituições.
Vale lembrar que a crise para a qual se vende essa solução foi aprofundada pelo próprio governo ao cortar o orçamento do setor, que foi o mais atingido pelos cortes no orçamento público: somente este ano, a Educação já perdeu mais de R$ 6 bilhões de seu orçamento. Além disso, boa parte desse dinheiro foi desviado para pagar emendas parlamentares a quem votou a favor da reforma da Previdência na Câmara Federal, como declarado pelo próprio ministro da pasta. Com isso, ataca-se o presente, comprometendo a Educação, e o futuro, com as mudanças e obstáculos para aposentadoria.
Dessa forma, a Apruma entende que é essencial discutir a fundo o programa e suas intenções.
Além do debate com a professora Marina na terça-feira, outra atividade vem sendo planejada, esta para o dia 4 de setembro, às 17h, também no Campus do Bacanga (Auditório Principal do Centro Paulo Freire).
Na ocasião, o sindicato realizará uma Audiência Universitária, na qual pretende reunir todos os segmentos da comunidade acadêmica (estudantes, docentes, técnicos, gestores, terceirizados), e a sociedade em geral, bem como autoridades públicas, para avaliar e discutir o programa, apresentando seus anseios, dúvidas, receios e formas de resistência, numa grande Escuta sobre todos os aspectos do Future-se: na ocasião, os presentes, tanto em São Luís como nas demais unidades da UFMA (haverá transmissão e será assegurada a participação) poderão falar sobre os diversos aspectos do programa: carreira docente, financiamento da Educação Pública, privatização, ameaças etc.